Depois dos acontecimentos do último final de semana, tenho tido a estranha impressão de que agora realmente tudo acabou. Tem sido triste, mas estranhamente libertador. Sinto falta, muita falta, imagino a falta que eu ainda sentirei daqui pra frente, mas ao mesmo tempo respiro aliviada como se eu tivesse desamarrado a bola de chumbo que eu insisti em acorrentar aos meus pés durante longos cinco anos da minha vida. Uma estranha (e talvez, última) separação, muito diferente dos outros milhares de separações por quais nós dois passamos. Eu choro muito, penso muito nele, penso que não posso mais vê-lo nem falar com ele, mais ou menos como se ele tivesse morrido pra mim. Na verdade essa foi mais uma das técnicas desenvolvidas por mim rs pra esquecê-lo ou evitá-lo ou qualquer coisa que faça a vontade de tê-lo ir embora, já que obviamente não posso tê-lo. Às vezes eu agia e pensava como se ele tivesse ido mesmo embora, mas não de cidade, nem somente da minha vida, e sim como se ele tivesse ido pro além, pro plano espiritual, pro céu (ou mais provável que para o inferno depois de tudo que ele me fez rs) ou pra qualquer outro lugar que os mortos vão. Claro que essas fantasias que surgem nas cabeças das mulheres desesperadas servem meramente como placebo, mas que ajuda de alguma forma, se a gente realmente acreditar que isso pode ajudar. Quando a gente chega nesse ponto, qualquer coisa ajuda.
Como um ser humano normal, sempre acreditei mais em atitudes do que em palavras. Quando quem você ama te ignora, isso dói muito mais do que se ele tivesse te dado um tapa na cara, quando ele te defende, é carinhoso e compreensivo, isso tem muito mais valor do que acordar ouvindo um “eu te amo”. E é como diz uma querida, “falar, até secretária eletrônica fala!”. E foi nessa contradição de sentimentos, entre o que sinto e acredito e no inverso que parece ser a verdade do mundo dele, foi assim que perdi quem eu não tenho há muito tempo, mas sempre acreditei que um dia voltaria a ter por inteiro, quem dormia ao meu lado, mas sempre estava com a cabeça longe, quem talvez estivesse comigo por comodidade. Uma palavra minha na hora da raiva depois de milhões de atitudes grosseiras da parte dele. Na balança, a minha ofensa pesou mais do que todos os tapas na cara que eu vinha tomando há anos, todos os sapos que havia engolido, todas as noites que eu chorava sozinha pra ninguém saber, todas as mentiras pra proteger quem nunca mereceu nada de mim, todas as vezes que fui ignorada e menosprezada por quem eu sempre amei e fiz tudo que podia. Quando tudo que se faz pela pessoa amada não tem valor nenhum, uma simples palavra é capaz de destruir esse tudo (pra mim) que não verdade não era nada (pra ele). Quando se dá a vida por alguém e esse alguém não dá o menor valor a isso, nada construído com uma base dessas torna-se realmente sólido, destrói-se mais fácil que um castelo de areia em meio ao temporal. E foi assim que anos de dedicação, somente minha, foram destruídos. Sem solidez, bastou um sopro pra que tudo o que tinha feito durante anos desmoronasse ali na frente dos meus olhos. Eu que corria de todos os lados desse frágil castelo tentado repará-lo a todo instante, esse castelo que sempre estava pronto a desmoronar, eu que nunca desisti, eu que sempre protegi o castelo esperando as longas tempestades que queriam derrubá-lo passar, eu assoprei, eu descuidei por um minuto e vi tudo se desfazendo diante de mim. Mas eu já estava mesmo cansada de tentar sozinha, de sofrer, de me martirizar por sempre estar reparando os defeitos do castelo e não importava quanto eu me dedicasse, eu nunca o via crescer. Agora essa é só mais uma frustração minha, só mais um projeto meu que não deu certo, uma dor que carrego sozinha. Se hoje tudo veio abaixo, tenho certeza de que sou a única a lamentar por isso.